Pesquisa indica que gamers apresentam maior chance de desenvolver bruxismo
Cirurgiã-dentista destaca que tensão muscular, má postura e falta de pausas tornam gamers mais vulneráveis ao problema
Estudo feito por pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Forp/USP) aponta que a prática intensa de e-sports, aliada ao estresse e ao uso prolongado de telas, pode estar ligada ao aumento dos casos de bruxismo - condição caracterizada por apertar ou ranger os dentes de forma involuntária.
De acordo com a cirurgiã-dentista Giovanna Zanini, da ZR Odonto & Face, jogadores que passam muitas horas seguidas diante do computador formam um grupo com maior risco de desenvolver o problema. “É um grupo que fica muito tempo na mesma posição, em um estado constante de tensão muscular e emocional. Os jogos exigem performance, o que gera estresse. Tudo isso favorece o bruxismo”, explica.
Segundo a dentista, o tratamento vai além da abordagem odontológica e exige atenção a hábitos e gatilhos diários. “A gente precisa fazer o manejo do estresse, melhorar a ergonomia, incentivar pausas, além de trabalhar a percepção corporal desse paciente. Ele precisa aprender a identificar quando está pressionando os dentes”, afirma.
Ela destaca que a tecnologia pode ser uma aliada nesse processo. “Hoje temos aplicativos como o Desencoste, que emitem alertas ao longo do dia para que a pessoa relaxe a mandíbula. Isso ajuda a prevenir o bruxismo de vigília, aquele que ocorre quando estamos acordados.”
Ainda de acordo com Giovanna Zanini, inserir momentos de descanso durante o dia é uma estratégia simples, mas eficaz. “Desligar a tela, colocar o pé no chão, respirar com calma, fazer algum tipo de pausa. Tudo isso contribui para descarregar a tensão acumulada.”
O acompanhamento profissional, no entanto, continua sendo indispensável. “Fazer uma placa relaxante pode melhorar muito o conforto do paciente. E em alguns casos, a toxina botulínica é indicada para reduzir a força muscular e aliviar os sintomas”, explica.
A especialista alerta que muitos jovens e adolescentes ainda ignoram os sinais do problema, como dor na mandíbula, desgaste dos dentes ou dores de cabeça frequentes. “O bruxismo pode parecer inofensivo no início, mas sem acompanhamento, causa prejuízos importantes à saúde bucal e à qualidade de vida”, conclui.